A pré-estreia no Recife do documentário Osvaldão teve direito a casa cheia no cinema São Luiz, e ato em defesa da democracia. Em tempos de golpismo e intolerância, a exibição da história de uma das principais lideranças guerrilheiras do Araguaia, comunista e descendente de pessoas negras que foram escravizadas, por si só já poderia ser considerado um momento de resistência. Mas os presentes – ativistas, representantes de movimentos sociais, intelectuais e gestores públicos – tornaram a noite inesquecível.
Quase mil pessoas ocuparam um dos cinemas públicos mais charmosos do país, e compartilharam emoções distintas durante toda a noite. Desde as falas emocionadas do secretário de Cultura de Pernambuco, Marcelino Granja, e dos diretores do filme presentes, Ana Petta e Vandré Fernandes, até o último grito “Não vai ter golpe!”, ao final da sessão. “O Osvaldão é o herói da minha infância. Eu sou filha de militantes do movimento estudantil durante a ditadura militar, e cresci ouvindo as histórias da Guerrilha do Araguaia. Por isso eu sempre falo que consegui realizar um sonho que foi fazer um filme do meu herói…”, comentou uma das diretoras de Osvaldão, Ana Petta.
“Diante do momento que vivemos, o filme, já se tornou um importante documento que apresenta para tantos jovens de hoje a força de resistência do povo brasileiro, contando a vida de um guerrilheiro como Osvaldão, tão dedicado à luta pela democracia…”, disse Marcelino Granja, em parte da sua fala de abertura do evento. Em sua fala, a diretora Ana Petta comentou que – no início das gravações – a equipe que o produziu pensava apenas em contar a história de um momento triste para os brasileiros, e que não imaginava que Osvaldão fosse se tornar um filme tão atual.
“O que a gente quer é que a juventude brasileira conheça a história dessa liderança, e que esse filme seja o começo de um reconhecimento para essas pessoas que fizeram a história de verdade do Brasil. E que tenham os seus lugares nos livros escolares para que as nossas crianças conheçam os seus verdadeiros heróis…” concluiu a diretora.
A deputada Luciana Santos, em Brasília por conta das votações do processo de impeachment, lamentou não participar da noite de estreia. A parlamentar foi uma das incentivadoras para que o filme fosse exibido em Pernambuco. “Nosso país precisa conhecer sua história. Osvaldão relata uma trajetória de resistência, de defesa da liberdade e da democracia. Lança luz a um capítulo importante da história do nosso país e faz justiça a um ícone da Guerrilha do Araguaia”, comentou.
Ato pela democracia
Durante as falas de abertura da sessão de pré-estreia de Osvaldão, estudantes e militantes da União da Juventude Socialista – UJS levantaram uma faixa com as palavras de ordem contra o golpe em curso “Não Vai ter Golpe!”, e puxaram gritos de ordem exaltando a luta do Araguaia. O ato foi continuado por toda plateia presente.
Do Recife;
João Paulo Seixas
Fotos: Jan Ribeiro