Oitava Bienal termina com Culturata pelas ladeiras de Olinda

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Os estudantes reivindicam forró como patrimônio imaterial da humanidade

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Um misto de passeata e atividade cultural encerrou as atividades da Bienal da UNE em Olinda. Na “Culturata“ os estudantes defenderam a aplicação de 2% do orçamento público na cultura, a aprovação do projeto Cultura Viva no Congresso Nacional e a inclusão do forró como patrimônio imaterial da humanidade.

O mestre Luiz Gonzaga já contou o segredo em 1949, no arremate do refrão de “Qui Nem Jiló”, a imortal explicação forrozeira para aquele aperto no peito de quem se lembra do que se passou. Se cantar é deveras remédio para a saudade, os milhares de estudantes reunidos em Olinda para a Bienal da UNE, maior festival estudantil da América Latina, já tomaram a primeira dose na tarde desse sábado (26), antes da doença chegar. A Culturata, última atividade da Bienal teve clima de saudade anunciada com cantoria, carnaval e alegria pelas ladeiras da cidade histórica.

 
O bloco começou a se reunir ainda na parte da manhã com a primeira edição da Bienalzinha, programação dedicada ao público infantil dentro do festival. O espetáulo “Cordelândia”, oferecido também à população de Pernambuco, atraiu crianças e famílias na Praça do Carmo, a “cidade dos estudantes” montada para a Bienal.
 
No início da tarde, a concentração já esquentou-se mais do que o sol do verão olindense. O Bloco das Conxitas, agremiação da cidade formada somente por mulheres, subiu ao palco do espaço Forrobodó para uma apresentação em formato de banda, com baixo, guitarra, groove e tambores eletrificantes. Catártico, o resultado foi muita gente se jogando ao som das ótimas composições próprias e hits de outros artistas como Chico Science e Nação Zumbi.
 
Com o intento de ser uma misturada entre passeata e atividade cultural , a Culturata saiu já inflamada para o cortejo, com a chegada do bloco Seu Cuca é Nois e do frevo. Os jovens começaram a subir a rua Prudente de Morais com palavras de ordem pela educação brasileira, pela cultura e por mais políticas e oportunidades para a juventude.
 
Entre as reivindicações da Culturata da UNE estiveram a aplicação de 2% do orçamento público na área da cultura e a aprovação do projeto Cultura Viva no Congresso Nacional. Os estudantes também fizeram muito barulho a favor da inclusão do forró como patrimônio imaterial da humanidade. O título é concedido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura).
 
Das janelas das casas, os moradores acenavam ou se juntavam ao grupo, colorido de estudantes de todos os estados, fantasiados com criatividade e reverência ao homenageado do festival, Luiz Gonzaga e ao sertão nordestino. Alguns improvisaram gibão e chapéu de cangaceiro com papelão. Outros caprichavam ainda mais e via-se até uma cópia de espingarda de Lampião.
 
A culturata seguiu pelas ruas Prudente de Morais, Bonfim, por ladeiras e ruelas até alcançar a praça da Sé, fácil candidata ao título de mais bonita vista do Brasil. Com o mar, os coqueiros de Olinda e os prédios do Recife ao longe, a Bienal aproximava-se do seu fim com um grande carnaval, no afã de espantar qualquer tristeza possível. Porém, antes do ponto final da frase, abriu-se caminho com uma vírgula para alguém chegar. Eram novamente as Conxitas de Olinda, dessa vez marchando com seus tambores, que fizeram outro trajeto até a Sé e se reencontraram com os estudantes de surpresa.  
 
O sol desceu em Olinda e o carnaval ganhou a noite.
 
Do Portal da UNE

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