Finalmente o ano começa: o carnaval terminou domingo, o Congresso Nacional volta à sua complexa e conflituosa agenda, o juiz Sérgio Moro e sua força tarefa de delegados e procuradores intensificam o vazamento de informações seletivas para a grande mídia, os partidos aceleram seus preparativos para o pleito de outubro e a seleção brasileira – objeto de paixão (e de apreensão) de todos – enfrentará o Uruguai na Arena Pernambuco.
Desafios? Muitos. De todo tipo, ao gosto e na esfera de responsabilidade de cada um. E, naturalmente, segundo ao modo de ser, de analisar e de agir que lhe apraz ou lhe cabe.
Da parte que me cabe, militante do Partido Comunista do Brasil a vida inteira, por convicção e prazer, seguindo a orientação partidária, empenho-me em unir forças em favor do progresso e dos interesses do povo.
Unir – e não dividir.
Conjugar esforços – e não dispersar.
Daí o cultivo da paciência, essa coisa tão indispensável à política tanto quanto ao amor e a tudo verdadeiramente importante.
A paciência é um bom antídoto à precipitação. Alguém é capaz de citar um caso sequer em que a precipitação foi útil à boa solução dos problemas políticos?
Não é uma mera digressão, amigos. Vale em primeiro lugar para o quadro político nacional. Essa mescla de crise econômica com instabilidade política, entremeada com o agravamento da crise econômica e financeira mundial, não se supera sem a construção de uma vontade política majoritária capaz de conduzir o País à retomada do crescimento econômico e à governabilidade.
Isto significa alcançar maioria parlamentar que viabilize a agenda ajuste fiscal + retomada dos investimentos produtivos, por si mesma contraditória e desafiante. O que implica diálogo paciente e desarmado, que contemple opiniões discrepantes mas viabilize consensos mínimos.
Na esfera local, idem.
O cenário daquela que deve ser a batalha de todas as batalhas – as eleições para prefeito e vereadores – ainda está em gestação. Como então precipitar conclusões sem incorrer no erro crasso de botar o carro adiante dos bois?
Sobretudo porque não se trata de uma batalha fácil. Seja pelo conflito de interesses locais, seja pelo ambiente geral do País, não se pode subestimar o tamanho dos problemas, nem dar azo ao açodamento e à busca atalhos improváveis.
O calendário pré-eleitoral de agora é bem mais amplo do que o de pleitos passados. O prazo para novas filiações partidárias funda em abril e as convenções acontecerão em julho.
Há muito chão pela frente – para atualizar a compreensão dos problemas de cada cidade, consolidar candidaturas, concertar alianças, compor chapas majoritárias e proporcionais.
No que toca ao PCdoB, cada coisa está sendo tratada a seu tempo. Pacientemente.
(*) Luciano Siqueira é vice-prefeito do Recife e dirigente estadual e nacional do PCdoB.
Artigo escrito para o Blog da FolhaPE
Foto: Felipe Ribeiro/Folha PE