
Sou fã do Janeiro de Grandes Espetáculos, uma iniciativa digna de apoio e que merece todo nosso esforço para que continue a crescer e se fortalecer como um dos festivais mais organizados e estruturados do país. Compartilho com vocês essa bela matéria do jornalista Bruno Albertim. Aproveitem.
Grande beijo. Luciana.
Sou fã do Janeiro de Grandes Espetáculos, uma iniciativa digna de apoio e que merece todo nosso esforço para que continue a crescer e se fortalecer como um dos festivais mais organizados e estruturados do país. Compartilho com vocês essa bela matéria do jornalista Bruno Albertim. Aproveitem.
Grande beijo. Luciana.
Festival entregou também troféus aos melhores do teatro e da dança em plena Rua da Aurora
Bruno Albertim
Na última quinta, as salas de espetáculo estavam especialmente vazias: a classe teatral ocupou o trecho da Rua da Aurora em frente ao Ginásio Pernambucano. Com o mestre de cerimônias Roger de Renor, que armou ali o som da sua rural, militantes das artes cênicas receberam os troféus de mais uma edição do Prêmio Apacepe, durante o encerramento do 20º Janeiro de Grandes Espetáculos – edição que consagra o festival como um dos mais bem concebidos e estruturados do País. “Foi um mês de muita intensidade nos teatros, é muito bom ver os colegas, artistas, assim, ocupando o espaço público”, dizia Ceronha Pontes, premiada como Melhor Atriz pela (excelente) Camille Claudel – peça que, passado o festival, entra na fila das produções “sem-teto”, em busca de pauta num teatro local.
Não faltou, na cerimônia, o tom político: “Festivais são ótimos”, disse o homenageado Jomard Muniz de Britto. “Mas me preocupo mesmo é com o dia a dia. Há um pequeno grande escândalo na cidade: o Teatro do Parque fechado. Alguém precisa dizer a GJ (o prefeito Geraldo Julio) que o Recife precisa ter o Parque de volta.” Sim, festival é bom e esta 20ª edição do Janeiro deve, sem esforço, ser classificada como memorável.
Com o orçamento apertado e incerto, os produtores Carla Valença, Paula de Renor e Paulo de Castro bailaram no fio da navalha e fizeram uma maratona grandiosa: mais de 60 espetáculos – locais, boas produções nacionais e internacionais.
Com sessões extras, ingressos populares e venda pela internet, o festival teve um aumento de 30% de público: com a programação ainda em cartaz até amanhã, em Goiana, são até agora 31 mil espectadores. Com patrocínios não confirmados, a produção teve que fazer ajustes no orçamento de R$ 1,6 milhão para R$ 1,2 mi. “Em alguns momentos, tivemos que arriscar e fazer milagres”, diz Carla Valença (leia entrevista abaixo).
Um dos méritos do festival foi a interiorização de bons espetáculos. Sem a política de esmolas, as cidades de Goiana, Arcoverde e Caruaru receberam peças até internacionais. O outro está na própria grade: a curadoria extensiva e criteriosa. Como membro da rede de Festivais de Teatro do País, os produtores conseguiram se revezar ao longo do ano para trazer produções raras como a escocessa Se esses espamos falassem e afiadas como a carioca A primeira vista.A presença de curadores desses festivais garantiu também visibilidade e convites às produções locais.
A grade foi como deve ser num festival tão heterogêneo: altos e baixos. Se teve decepções como A Negra Felicidade, de Moacir Goés, trouxe pontos altíssimos como delicada comédia cearense Avental Sujo de Ovo e performances delciosamente intimistas como Adaptação (RS).
Outro trunfo foi ter servido de plataforma para estreia de bons espetáculos locais. “O Janeiro nos dá tudo o que um ator quer pra uma estreia: teatro cheio, público, e o olhar externos dos curadores”, disse Júnior Aguiar, premiado como o melhor espetáculo por H(EU)história – O Tempo em transe, sobre a relação de Glauber Rocha com a história. Ao lado de Terra, espetáculo de dança de Maria Paula Costa Rêgo, a peça sai do festival como uma das potências que bombarão nas temporadas regulares ao longo do ano.
Fonte: Jornal do Commercio