Homenagem Póstuma à Gilvan Samico

Senhora presidente;

Algumas pessoas, pela intensidade de sua arte, tornam-se imortais no nosso respeito e no nosso sentimento. É o caso de Gilvan Samico, grande xilogravurista, gravurista e pintor que nos deixou essa semana, aos 85 anos de idade. Pernambuco fica mais triste. Todos nós nos entregamos a tristeza de não ter mais, na nossa vizinhança, nas ladeiras de Olinda, um gênio da arte do nosso tempo.

Gilvan Samico foi pintor, desenhista, professor e gravador, conhecido principalmente pelas xilogravuras. Integrou o Movimento Armorial, com Ariano Suassuna.

Nascido na capital pernambucana em 15 de junho de 1928, Gilvan José Meira Lins Samico era o penúltimo de seis filhos de um casal de classe média do bairro de Afogados. Na adolescência o pai percebeu a aptidão do filho para a ilustração e o levou ao professor, pintor e arquiteto Hélio Feijó que o incentivou a deixar de copiar as fotografias para passar a desenhar modelos vivos.

Samico frequentou, a partir de 1948, a Sociedade de Arte Moderna do Recife e em 1952, fundou com outros artistas, o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife, idealizado por Abelardo da Hora. No Atelier, começou a fazer gravuras em placas de gesso e, algumas vezes, as reproduzia em madeira quando chegava em casa, surgindo assim o gosto pela xilogravura.

O traço preciso, misturando luzes e texturas revelou-se logo no começo da carreira. Em 1957, 1958 e 1960 foi premiado no XVI Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco. Para aprimorar sua arte, Samico deixou o Recife e estudou xilogravura com Lívio Abramo, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo, gravura com Oswaldo Goeldi, na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro e trabalhou no escritório de comunicação de Aloísio Magalhães..

Retornou a Olinda em 1965 e, neste mesmo ano, leciona xilogravura na Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa. De 1968 a 1970, viaja a Europa com o prêmio viagem obtido no 17º Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Na volta, participa da exposição de lançamento do Movimento Armorial, idealizado por Ariano Suassuna, juntamente com Francisco Brennand. Em 96, recebe o Prêmio Nacional de Cultura do Ministério da Cultura e em 98 a Comenda da Ordem do Mérito Capibaribe da Cidade do Recife. No Rio de Janeiro realiza a exposição O Outro Lado do Rio e, no ano seguinte, em São Paulo, a exposição Samico: do desenho à gravura, na Pinacoteca do Estado.

O romanceiro popular nordestino marcou a obra de Samico, trazendo em suas gravuras personagens bíblicos e lendas e narrativas locais, animais fantásticos e míticos, como serpentes e dragões, sempre com um toque de cor nas xilogravuras.

Gostaria de expressar minha solidariedade à sua família e manifestar todo respeito e carinho por Samico, sua história e seu trabalho. Obrigada.

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