Ministério Público de São Paulo denuncia Lula à Justiça por ocultação de patrimônio. Bancada do PCdoB critica ação de promotor e vê perseguição política ao ex-presidente como uma tentativa de desconstruir o projeto político iniciado na gestão do petista.
Uma semana após a desnecessária condução coercitiva de Lula à Polícia Federal para depoimento, nesta quarta-feira (9), o Ministério Público de São Paulo deu mais um passo na sua perseguição ao ex-presidente, com uma denúncia à Justiça por ocultação de patrimônio. Além de Lula, outras 15 pessoas foram denunciadas, entre familiares, executivos e funcionários da empreiteira OAS e ex-integrantes da Bancoop.
A investigação do MP-SP está relacionada a empreendimentos da cooperativa habitacional dos bancários que foram transferidos para a OAS, empresa investigada na Operação Lava Jato. Segundo o MP, o dinheiro que deveria ter sido aplicado na construção de imóveis foi desviado para financiar campanhas eleitorais do PT e teriam prejudicado seis mil cooperados. No caso do triplex no condomínio Solaris, em Guarujá (SP), o MP apura se Lula ocultou ser dono do imóvel 164-A, o que, segundo a promotoria, seria uma forma de encobrir o crime de lavagem de dinheiro.
Para a presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), a denúncia do Ministério Público de São Paulo não passa de perseguição política. “Lula já disse que não tem nada a temer. Já fizeram uma devassa nas suas contas e nada encontraram. Este é um embate eminentemente político, o que se comprovou na última semana, quando Lula foi levado à força, sem a menor necessidade. Vamos defender esse legado de um projeto político que mudou a vida dos brasileiros e garantir que a gente vire a página dessa crise política e retome o crescimento, a geração de emprego e renda que é o que interessa ao povo brasileiro”, afirma.
A defesa é reforçada pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Segundo ela, a denúncia do MP-SP é “surreal”, uma vez que Lula já provou que não possui o triplex. “Não tem ocultação de patrimônio, não tem laranja na história e ainda assim o MP o denuncia. Isso demonstra que a questão está no plano político. É uma luta política, na tentativa de descontruir moralmente Lula e tudo o que ele representa”, diz.
O Instituto Lula também negou as acusações. Segundo nota, “Lula não é proprietário nem de triplex no Guarujá nem de sítio em Atibaia, e não cometeu nenhuma ilegalidade. Ele apresentou sua defesa e documentos que provam isso ao promotor Cássio Conserino”.
O texto aponta ainda que “não há novidade na denúncia do Ministério Público de São Paulo, que já havia sido anunciada na revista Veja, em 22 de janeiro de 2016, pelo promotor Cássio Conserino, que não é o promotor natural do caso e pré-julgou antes de ouvir o ex-presidente, mostrando que é parcial”. Caso a Justiça aceite a denúncia, Lula se torna réu na ação penal.
Para o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), os fatos descritos na nota do Instituto Lula só reafirmam a ideia de que o ex-presidente vem sendo alvo de uma caçada. Mas o comunista alerta que a perseguição a Lula pode ter efeito contrário.
“Ao contrário do que pensam alguns, todo esse movimento contra o ex-presidente Lula só faz confirmar a dimensão profunda das mudanças sociais no Brasil e a luta de setores conservadores da sociedade contra elas. O tiro pode sair pela culatra, fortalecendo Lula ainda mais como um homem querido pelo povo, um líder que deixou um grande legado e muita saudade na população e que pode voltar a ser presidente em 2018, caso seja essa a vontade popular.”
Por Christiane Peres
Para Liderança do PCdoB
Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas