Entidades de pesquisa em Comunicação também estão entre os que se manifestaram a favor da democracia e contra o golpe ao Estado de Direito que está em curso no Brasil. A Intercom -Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação e a COMPÓS – Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação emitiram notas, assinadas por suas diretorias. Confira os textos completos:
NOTA da INTERCOM
Prezados colegas,
Em face do grave momento vivido pelo país, a diretoria da Intercom reitera seu compromisso com a defesa do Estado de Direito, da democracia e das salvaguardas individuais garantidas pela Constituição. E, como entidade da área de Comunicação, ressalta a importância de uma atuação equilibrada da imprensa, que deve dar espaço ao contraditório e não pode funcionar, jamais, como tribunal midiático.
O mesmo senso de responsabilidade e compromisso devem demonstrar os Poderes constituídos, em especial o Judiciário, como obediente guardião das leis que asseguram a liberdade pela qual tanto lutamos. Todos somos inocentes até prova em contrário, todos temos direito à ampla defesa e à inviolabilidade de nossa intimidade. Justiça não pode se confundir com justiçamento, sob qualquer pretexto.
Há menos de 30 anos, voltamos a ter o direito de escolher pelo voto o presidente da República. Nossa jovem democracia precisa de vigilância para que atalhos não comprometam seu pleno exercício e lancem o país em aventuras de triste memória.
Marialva Barbosa – presidente
Ana Sílvia Médola – vice-presidente
Fernanado de Almeida – diretor financeiro
Sônia Jacomi – diretora administrativa
Iluska Coutinho – diretora científica
Ana Paula Goulart – diretora de comunicação e memória
Adriana Omega – diretora cultural
Felipe Pena – diretor editorial
Tassiara Camatti – diretora de projetos
Giovandro Ferreira – diretor de relações internacionais
Allan Rodrigues – diretor regional Norte
Aline Grego – diretora regional Nordeste
Daniela Ota – diretora regional Centro-Oeste
Nair Prata – diretora regional Sudeste
Márcio Fernandes – diretor regional Sul
Em defesa da Democracia, dos direitos conquistados, das garantias fundamentais e da justa liberdade de informação
A Diretoria da COMPÓS – Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação – vem a público manifestar sua preocupação com os rumos atuais da política e, em especial, com o posicionamento, muitas vezes, arbitrário e unilateral de setores da mídia, em estreita ligação com a judicialização da política.
O conservadorismo que ora se instala resulta, seguramente, do descontentamento com um cenário de mudança social, com a inclusão de significativas parcelas da população que sempre tiveram seus diretos desrespeitados.
Em relação ao judiciário, vemos a cada dia ganhar força um modelo de judicialização da política, que coloca atores políticos e projetos sob um olhar escrutinador direcionado para um mesmo e único fim: a desqualificação e enfraquecimento de apenas um segmento do quadro político brasileiro. É inegável a importância do poder judiciário e sua independência, mas tal poder não pode “brilhar” às custas do enfraquecimento do regime democrático, o que pode levar ao surgimento de um estado totalitário.
Em relação à chamada grande mídia e a cobertura dos fatos políticos, o que temos acompanhado, com frequência, é o ataque a um lado e ofuscamento das mazelas do outro lado. É preciso tomar cuidado com qualquer tentativa de golpe. Devemos todos ficar atentos, pois quem perde não é apenas uma representação política e um governo democraticamente constituído, mas todo o povo brasileiro e nossa democracia, tão duramente conquistada.
A partir daqui, nós, professores e pesquisadores da área da Comunicação, devemos todos refletir sobre nossas eventuais parcerias com os grupos de mídia, em todas as esferas, para preservarmos o necessário lugar da crítica e a formação de comunicadores capazes de respeitar a diversidade de opinião e a justa cobertura midiática, essenciais à democracia.
Já passou da hora de discutirmos abertamente o sistema de concessão dos meios e empresas de comunicação, e cobrarmos que os poderes democraticamente constituídos também coloquem esse assunto como pautas urgentes.
Por fim, gostaríamos de ressaltar que essa manifestação é de responsabilidade da atual Diretoria da COMPÓS, não representando, a priori, a totalidade da associação.
Com votos de melhores dias,
Edson Dalmonte (Presidente)
Cristiane Freitas Gutfreind (Vice-Presidente)
Rogério Ferraraz (Secretário Geral)
Diretoria da Compós
Gestão 2015-2017