Presidente nacional do PCdoB, durante mais uma edição do programa “Palavra do Presidente” falou das mudanças ocorridas na última década ressaltando o crescimento das forças populares.
“Esta década possui um alto valor simbólico para as forças populares e democráticas que contribuíram para colocar o Brasil no processo de mudança. E sim, temos muito que comemorar!”, salientou Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, durante mais uma edição do programa “Palavra do Presidente”.
“O país de hoje é respeitado, possui maior soberania, fomentou o reforço da aliança na América Latina. No entanto, ao comemorarmos essa vitória, também devemos ter a postura crítica de observar o que faltou na atual gestão do Brasil. É bom lembrar que o Brasil continua sendo um país subdesenvolvido, com dívidas antigas para com diversos setores sociais, ainda há muita desigualdade”, alertou Renato.
Segundo ele, Lula e Dilma realizaram uma etapa inicial para o um processo de mudança e o país clama por um novo arranque, que garanta a ampliação dos passos dados até aqui. E aponta que ampliar as taxas de investimentos, fortalecer a indústria nacional, investir em inovação e tecnologias são questões essenciais para dar a largada neste novo arranque.
Herança maldita
Ele lembra que para entender o processo de mudanças que o Brasil passou ao longo desta década, é preciso voltar e ver de que ponto o país partiu, que gestão dirigia o país naquela época e qual era modelo político-econômico que dava as cartas neste lado do continente.
“A gestão progressista partiu da realidade deixada pelo tucano Fernando Henrique Cardoso. Ou seja, o país encontrado pelo presidente Lula era uma país com grandes déficits, um país tutelado pelo FMI [Fundo Monetário Internacional], com empresas como a Petrobras, Banco do Brasil e Caixa sucateados, sem falar da privatização da Vale do Rio Doce. Um país insolvente, ou seja, quebrado”, relembrou o dirigente comunista.
Durante o programa, Renato elencou mais alguns pontos para descrever qual foi a herança tucana. “O que nós recebemos do governo FHC? A gestão tucana deixa de herança juros altíssimos, altos níveis de desemprego, infraestrutura sucateada, privatizações, salário mínimo defasado e sem política de reajuste, movimentos sociais criminalizados, ensino público sem investimento, cultura desmontada e entregue ao capital, minorias sem voz e espaço, apagão energético, etc.”
Brasil 10 anos depois
Este era o Brasil de 2002. Porém, em 2003 o país inicia uma jornada rumo a um novo patamar. “O país assiste a ascensão de mais de 40 milhões da pobreza, parte deste contingente remodela a chamada classe média. Só isso reconfigura as relações sociais, econômicas e culturais do Brasil”, frisou Renato.
Além disso, o presidente do PCdoB lembrou outros avanços alcançados nestes 10 anos: “política anual de reajuste real do salário mínimo – que hoje equivale a US$ 340, na era FHC era menos de RS$ 100; foram criadas 34 universidades federais – FHC não criou nenhuma; para o ensino técnico foram criadas mais de 200 escolas; sem falar do ProUni e Enem que contribuíram para a democratização do acesso ao ensino superior”, apontou.
O comunista continua: “após anos de lutas escutamos o governo falar e fazer no que se refere às políticas afirmativas. Mulheres e negros assumem outro lugar no Brasil atual. O Minha Casa Minha Vida que muda a questão da moradia. Além do programa Luz Para Todos, que garante infraestrutura básica para a geração de serviços e pequenos negócios em setores distantes do centro do país”, pontuou.
Em relação ao caos encontrado no setor energético, Renato falou: “Lula encontrou um país, em pleno século 21, que não levava energia a muitos brasileiros, pessoas que nasceram e cresceram sem ter energia, imagine acesso à internet, cinema e outros bens culturais. Além da política de racionamento, que exigia que o pobre apagasse sua luz e fosse dormir mais cedo. Lula e Dilma, que na época era ministra de Minas e Energia, puseram fim a essa realidade e garantiram o direito do brasileiro de ter em sua casa luz elétrica”.
Outro ponto refletido por Renato foi o impacto do Programa Bolsa Família. “O Bolsa Família mudou a cara de diversas regiões do Brasil, especialmente do Nordeste. Isso porque essa iniciativa fomentou economias setoriais que não tinham oportunidade de florescer até então. Ação que revolveu as economias locais e regionais e contribuiu para a economia de forma geral.”
Desespero da oposição
Rabelo voltou a falar do desespero da oposição. Esta, que segundo ele, não possui projeto, mas que diariamente tenta fabricar conflitos. E lembrou que a direita construiu um forte sistema de oposição que se consolidou após o surgimento da onda progressista que se fortaleceu na América Latina.
Segundo o presidente nacional, “a fabricação de conflitos realizada pela grande mídia tem um único fim, desgastar a imagem dos governos Lula e Dilma para cavar alguma chance em 2014, mas os dados são claros e a sociedade organizada está alerta e irá defender as mudanças conquistadas”.
Além disso, Renato lembra que “o sistema de oposição é produto de forte poder econômico, político e ideológico que está nas mãos das forças conservadoras e reacionárias. Um sistema que traz à tona um caudaloso extremismo antidemocrático. E, é bom lembrar, a oposição não possui alternativa, não possui projeto, seu projeto é marginalizar a esquerda e macular as figuras de Lula e Dilma. Mas nós comunistas estamos preparados e daremos a resposta necessária aos ataques da direita e da mídia”.
13º Congresso do PCdoB
Renato ainda falou que o Congresso do Partido – previsto para acontecer em novembro deste ano, em São Paulo – será um espaço de intenso debate sobre essa pauta. Segundo o dirigente comunista, o PCdoB procurará dar uma contribuição crítica, mas sem perder de vista as conquistas alcançadas desde 2003.
“O Congresso será um espaço para discutir, coletivamente, e tirar um balanço destes 10 anos. Com isso, teremos mais clareza dos passos que precisam ser dados para avançar neste processo”, externou o dirigente.
Do Portal Vermelho